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Aqui é BushMaster 7, prossiga!
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Entendido! Nós temos uma minivan preta, recolhendo os corpos, pedindo permissão para atirar.
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BushMaster 7, entendido! BushMaster 7, entendido! Atirar.
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Um-oito, atirar. Entendido! Vamo lá!
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[Metralhadora] Pronto.
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[Metralhadora] Pronto.
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Por que fazer isso? Bem, existem duas razões. Um: Por que matar pessoas é divertido.
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Quando você está naquele ambiente, removido dos efeitos de se matar pessoas por muito tempo.
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É um video game, como no colegial. O outro motivo é que eles se vangloriam depois de uma
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matança. Sobre quantas pessoas eles mataram, e voltam para a base e dizem:
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"Hey", eu matei 13 hoje.
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[Transmissões de helicóptero] Oh yes! Olhe para aquela, acertou bem no parabrisa!
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[risadas]
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vindo aproximadamente a 12:15 ...
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Ei, olhe para aqueles fdps mortos.
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Legal
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[transmissão misturada de rádio] Crazy Horse 18...
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Quando as tropas terrestres chegaram, eles veem que há crianças no carro.
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Foi culpa deles, quem mandou trazer as crianças para o campo de batalha.
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É isso aí.
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Depois de assistir ao vídeo centenas de vezes, se tornou quase uma obsessão
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Descobrir a identidade daquelas pessoas. Bem, nós conhecíamos as identidades
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de Namir Noor Elden e de Samir Chmagh, os funcionários da Reuters que ali estavam.
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Mas para mim também era importante conhecer a identidade das outras pessoas lá,
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especialmente as crianças que estavam na minivan, nós decidimos que valeria a pena ir até
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lá e entrevistá-los.
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Acontece que as crianças sobreviveram ao ataque. Hrafnsson voou até Bagdá
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à procura de maiores informações.
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Nesta esquina de Alamir, distrito de Bagdá, em 12 de Julho de 2007 ...
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Ele rastreou o paradeiro daquelas crianças, e mostrou o vídeo do helicóptero para
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as famílias das vítimas.
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[homem chorando]
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Ele tinha crianças no carro e não armas.
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Ele saiu para ajudar um homem ferido. Você pode ver isso do helicóptero.
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Acho que nós podemos estabelecer muito bem de um ponto de vista jornalístico
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que a razão que levou a minivan até o local foi apenas coincidência. O motorista simplesmente
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percebeu ele estava tentando levar as crianças para a escola.
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Meu marido não fez nada de errado quando tentou ajudar um homem ferido.
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Ele estava com crianças no carro!
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Por qual crime atiraram nele e em nossas crianças inocentes?
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Em 5 de Abril de 2010, o WikiLeaks publicou o filme "Collateral Murder".
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O impacto não foi nada menos do que extraordinário.
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Jornalista: Vídeo perturbador aparentemente
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mostrando civis sendo mortos por soldados dos Estados Unidos no Iraque.
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Foi vazado de dentro da comunidade de defesa para um website.
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O controverso vídeo foi publicado no WikiLeaks.
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O WikiLeaks tem sido considerado um fator poderoso no novo cenário da mídia.
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Ao investir todos os seus recursos no vídeo do helicóptero, o WikiLeaks
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conseguiu atrair a atenção dos maiores empresários da imprensa.
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Isto é precisamente o que Assange precisa para ajudá-lo a lidar com o resto do material
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obtido dos EUA.
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Eu tenho trabalhado neste release, estudando e tentando entender como inventar
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uma forma de lidar com esse volume tremendamente grande de material que poderia simplesmente
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afundar qualquer organização.
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Assange conseguiu entrar em contato com o New York Times, The Guardian, e o Der Spiegel.
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Ele conseguiu persuadir os editores-chefes desses jornais mundialmente respeitados a
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publicar seu material de uma forma coordenada, com Assange puxando a corda.
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O que há de novo somos nós forçando cooperação entre organizações competidoras que de
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outra forma seriam rivais. A fazer o melhor pela história, ao invés de fazer o melhor apenas
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por suas empresas.
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Narrador: No final de Julho de 2010, Os Diários da Guerra Afegã foram publicados ao mesmo
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tempo e dia.
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Um dos maiores vazamentos da história do exército dos EUA gerou reações de ódio.
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Âncora: Um dos maiores vazamentos da história do exército dos Estados Unidos expôs o
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abafamento de vários crimes cometidos na Guerra do Afeganistão.
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Assange: A verdadeira história deste material é o que a guerra é:
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Uma merda após a outra.
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Narrador: A publicação do material é recebida com louvor, assim como fortes críticas.
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Geoff Morrel, Porta-voz do Pentágono: O Departamento de Defesa exige que a organização
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WikiLeaks devolva imediatamente ao Governo dos EUA todas as versões dos documentos obtidos
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direta ou indiretamente dos bancos de dados ou registros deste Departamento.
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Narrador: Pela primeira vez, o WikiLeaks está enfrentando críticas que eles consideram
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difíceis de responder. O material inclui os nomes dos civis Afegãos, colocando-os em risco
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de se tornarem alvos do Talibã.
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(Secretário de Defesa dos EUA): As consequências do campo de batalha da
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divulgação destes documentos são potencialmente severos e perigosos.
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(Chefe do Estado Maior das Forças Armadas) O Sr Assange pode
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dizer o que quiser acerca do bem maior que ele acha que ele e seus informantes estão
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realizando mas a verdade é que eles eles já podem ter em suas mãos o sangue de algum jovem
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soldado, ou de uma família afegã.
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Narrador: A divulgação de material confidencial pode ser muito arriscada. Mas Assange declara
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que os fins justificam os meios.
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Assange: Nós tínhamos que ter divulgado todo este material sem separar qualquer parte
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ou não divulgar nada. O valor, o valor extraordinário, deste registro histórico
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para o progresso daquela guerra e o seu potencial para salvar vidas mais do que compensa o
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perigo em que colocou vidas inocentes.
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Narrador: O WikiLeaks agora toma precauções para cometer o mesmo erro novamente. Na próxima
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publicação 400 mil registros militares da Guerra do Iraque foram meticulosamente editados e
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os nomes foram removidos. Eles também começaram a reforçar a sua rede de jornalistas
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experientes.
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Mulher: Olá. Aqui estão duas
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Narrador: Iain Overton é o editor do independente Bureau de Jornalismo Investigativo,
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sediado em Londres que agora vão analisar o material e produzir os seus próprios
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documentários.
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Iain Overton: Houve uma correria para conseguir chamar as melhores pessoas disponíveis para
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trabalhar conosco.
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Nós formamos um time de 25 pessoas em uma semana e meu telefone ficou vermelho e quente de
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tanto ligar para as pessoas.
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James Ball: Foi em um Sábado à noite, em meados de Agosto, e aproximadamente cinco ou seis
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de nós do Bureau nos encontramos com Julian. E no final do encontro eu acabei saindo
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do lugar com um pen drive contendo 400 mil documentos militares confidenciais.
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Narrador: O material é essencialmente uma enciclopédia desta guerra,
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com relatórios registrados dia a dia, hora a hora, vítima a vítima.
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James Ball: Eu tenho o pressentimento certeiro de que estes são os registros da guerra,
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escritos pelas pessoas no campo de batalha, logo após o ocorrido. É um tipo de dia a dia da
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guerra através dos olhos dos próprios soldados. E isto é algo completamente novo. Nós nunca
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fomos capazes de fazer isso antes, nunca.
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Narrador: O material registra a morte de dezenas de civis, cifras que os EUA têm escondido
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até agora. E a prática generalizada de tortura, ao qual os EUA disseram que iam pôr fim,
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ainda é praticada por seus aliados iraquianos.
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Overton: Eu acredito que existem histórias, que levam as pessoas, sabe,
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ficarem cheias de pesar.
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James Ball: Alguns relatos são incrivelmente heróicos. Você tem relatos de crianças sendo
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torturadas até a morte ou sendo assassinadas na frente de seus pais. Não é um material que
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você simplesmente lê e sai ileso.
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Overton: Quando eu estava lendo os relatórios, você lê o relato de um jovem soldado americano
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escrevendo de uma forma bastante burocrática, anódina e estéril sobre um pai que estava
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conduzindo seus filhos, de volta para casa, e ele está correndo muito. E eles abrem fogo
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contra o carro. E o pai, temendo que as crianças fossem atingidas, pede para as crianças se
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deitarem no chão do carro. Todas as crianças foram mortas, seus três filhos. E a forma como
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está escrito chama o episódio de uma "escalada da violência". Não é uma escalada da violência,
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é um assassinato. É horrível.
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Overton: Isto não é nada de novo em uma guerra. Guerras são um inferno. Coisas terríveis
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acontecem. E o que esses diários nos contam é que a guerra é um inferno. Eles não escondem
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a verdade disso. Eles não utilizam a expressão de algum retórica de algummilitar doutor em manipulação que
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senta-se em uma sala de conferências com ar condicionado na zona verde.
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Isso é a morte visceral e inequívoca escrita em seus detalhes mais crus.
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James Ball: Cento e nove mil vidas perdidas ao longo desses registros. Nós estamos fazendo
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tudo o que podemos e isto é algo tão enorme que esperamos que as pessoas possam estudar
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estes dados por anos. Isto é algo que vale a pena ser narrado. É algo que vale a pena ser
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divulgado.
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Narrador: A falta de respeito pela vida humana percorre as linhas do relatório como um fio condutor
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Estas imagens são da tripulação de um helicóptero que acabou de receber ordens
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para destruir um prédio onde acredita-se ter três soldados inimigos escondidos.
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TRANSMISSÕES DO HELICÓPTERO Crazy Horse 1-8 prestes a mandar um míssil para aquele prédio.
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Narrador: De repente aparece um transeunte.
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[míssil disparado]
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Mas a tripulação não espera.
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[explosão]
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Narrador: A tripulação poderia ter esperado a pessoa atravessar.
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Talvez esta seja uma medida do valor que se dá à vida humana em Bagdá.
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Carros particulares sendo perseguidos por helicópteros de ataque.
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O motorista abandona o carro, e levanta os braços em um gesto de rendição.
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Narrador: Quanto mais terríveis são as descobertas que fazem os investigadores londrinos,
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mais eles se sentem ameaçados. Gradualmente se tornou óbvio que alguém está vigiando seu
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escritório.
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Overton: Eu sei que tenho sido grampeado. Monitorado. Por forças que, eu não conheço.
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Tenho recebido estranhas mensagens de texto de fontes anônimas. Tenho recebido ameaças de
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morte não muito agradáveis. Particularmente uma que se referiu aos meus filhos.
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Aquilo foi um pouco desnecessário.
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Assange: Há uma coluna no Washington Post dizendo que
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nosso pessoal deeria ser sequestrado na Europa,
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que nossos informantes deveriam, alguns de nossos alegados informantes deveriam ser executados
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declarações semelhantes foram feitas por membros da ala direita do Congresso.
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Narrador: Em Washington, a influente figura pública Christian Whiton está articulando o
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indiciamento dos membros do WikiLeaks, dizendo que eles deveriam ser tratados como terroristas.
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("Analista" de Política Externa): Também deve haver uma clara punição para
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pessoas que se envolvem naquilo que eu considero uma forma de espionagem, uma forma de
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guerra política. Não é um ato de, jornalismo ou transparência, mas um ato de, digamos,
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trabalho político.
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Narrador: Os EUA aumentam seus esforços para parar o WikiLeaks. O provedor de serviços
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de pagamento MoneyBrokers encerrou a conta do WikiLeaks. Hackers americanos suspeitos de
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terem ligações com o WikiLeaks são detidos, questionados e têm seus computadores confiscados.
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Whiton: Ao fim e ao cabo, você descobre que assuntos envolvendo a internet são menos
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misteriosos e novos do que parecem à primeira vista. Se você for além da, digamos, da
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superfície, irá encontrar companhias telefônicas hospedando os servidores ou hospedando as
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companhias que, por sua vez, publicam essa informação e tornaram isto possível. Você irá
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encontrar bancos que provêem serviços bancários para essas pessoas. Você irá encontrar
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proprietários que provêem renda para os indivíduos envolvidos. Portanto, neste sentido, estou
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bem certo de que você pode descascar a cebola e descobrir o que essa organização realmente é,
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onde ela realiza suas atividades e a quais jurisdições ela está mais diretamente relacionada.
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Narrador: Entretanto, quanto maiores são os ataques, maior é o apoio que o WikiLeaks recebe.
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Julian Assange tem estado sem um endereço fixo por muitos anos, mas onde quer que ele
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aterrisse, ativistas estão dispostos para oferecer gratuitamente um lugar para dormir além
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dos seus serviços.
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Overton: As pessoas adoram a idéia de uma fera no controle, um jornalista investigativo que
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está tentando colocar governos contra a parede.